Nem Sempre Zen

Shadow Work for Wild Hearts & Deep Minds

Ligações que resistem ao tempo e ao espaço

Existem ligações que resistem ao tempo e ao espaço, que transcendem o entendimento lógico, que não seguem uma estrutura clássica de causa e efeito.

São ligações que não pedem para existir, mas que, ainda assim, surgem e se impõem, ora de forma tranquila, ora de uma maneira tão violenta que nos rebenta o peito de ansiedade. ​E quando tentamos racionalizá-las, esbarramos contra um muro invisível, como se a própria lógica se recusasse a penetrar no território do inefável.

 

Reencontro de almas (?)

 

Jung dar-lhe-ia a designação de “reencontro de almas”, algo moldado pelo inconsciente colectivo, um arquétipo que se repete em diferentes vidas, em diferentes corpos. São laços que emergem de um espaço que não controlamos, que se fazem presentes sem que lhes tenhamos ​d​ado permissão. E, no entanto, o desafio está exactamente aí: em como escolhemos viver algo que não pedimos, mas que nos transforma mesmo assim.

Há encontros que nos atravessam como tempestades. Outros, como brisas suaves que permanecem na pele. E depois há aqueles que são ambos. Pessoas que chegam, pessoas que partem, deixando um vazio cheio. Um espaço dentro de nós que não existia antes e que, agora, se recusa a ser preenchido por qualquer outra coisa. Pessoas que nos marcam sem nos tocar, que nos ensinam sem nunca terem pretendido ser mestres, que nos mostram a nossa própria essência sem nunca terem tido intenção de o fazer.

O que fazer com isso? Não há resposta certa. Há apenas aquilo que sentimos e aquilo que escolhemos fazer com o que sentimos.

 

 

Relações não convencionais

 

Há o reconhecimento de que algumas relações não seguem os moldes tradicionais de amizade, amor, parceria ou mentoria. Elas existem num limiar, num espaço onde os rótulos são insuficientes e, ​parece-me, desnecessários. Nem todas as relações precisam de posse, de uma vivência estruturada, de palavras ou de actos. Nem todas as histórias precisam de um desfecho. Nem todas as perguntas precisam de resposta.

A beleza de uma ligação assim está em vivê-la pelo que é, sem expectativas de que se transforme em algo que possamos compreender plenamente. Talvez seja apenas isso: sentir. Saber que existiu. Deixar que faça parte de quem nos tornamos. E, no fim, aceitar que algumas almas apenas se tocam para lembrar uma à outra que já se conheciam.

​Patrícia

 

 

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