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Dissolução do Ego no Sufismo e na Psicologia Analítica

 

A palavra EGO é muito utilizada nas redes sociais, em contextos e com significados diferentes o que provoca alguma deturpação, não intencional, da importância desta parte da nossa psique.

 

Há uns meses, num dos emails que recebi do meu professor do curso de Esoterismo Ocidental, foi partilhado este excerto de um poema do mestre sufi Pir-i-Do-Sara:

 

“Podes imaginar uma mente observando-se na sua totalidade?Se ela estivesse toda empenhada na observação, o que estaria observando?Se estivesse toda empenhada em ser mente, quem faria a observação?A observação do eu será necessária enquanto houver um eu distinto do não-eu…”

 

Então decidi pegar no exemplo do sufismo para ajudar a perceber as diferenças quando, por exemplo algum mestre espiritual, fala na necessidade de “dissolver o ego” – o que na Psicologia Analítica é algo impensável.

 

Foto de hicret via @pexels

 

 

1. Dissolução do Ego no Sufismo vs. Psicologia Analítica

 

No Sufismo, dissolver o Ego (fana) é um acto de transcendência espiritual: o Ego individual desaparece, permitindo a união com o Divino.Aqui, o objectivo é perder a ilusão de separação entre o “eu” e o “todo”.

Na Psicologia Analítica, o ego é uma estrutura central e necessária para a psique.

 

A individuação (o processo de se tornar o que se é) não significa dissolvê-lo, mas sim integrá-lo no Self (o todo), permitindo uma relação equilibrada entre a consciência e o inconsciente.

 

O Ego continua a existir, mas em alinhamento com algo maior.

 

Ou seja, no sufismo, o objectivo é transcender o ego; em Jung, é fortalecê-lo o suficiente para que possa dialogar com o inconsciente sem ser “engolido”.

 

 

 

2. Risco de Submersão no Inconsciente Colectivo

 

Quando alguém está “imerso” no inconsciente colectivo, significa que o Ego não tem sustentação suficiente para manter a consciência separada das forças arquetípicas ou instintivas do inconsciente.

 

A pessoa fica perdida em conteúdos colectivos (ideologias, sonhos, caos emocional).

 

Em vez de transcendência, aqui há regressão. É como ser puxado por uma corrente que te leva para um mar de forças impessoais, sem controlo ou clareza, o que pode significar perda de autonomia psíquica.

 

 

3. O Papel do Ego nos Dois Contextos

 

No Sufismo, o Ego é visto como um véu que impede a experiência directa do Divino. Dissolvê-lo é essencial para alcançar a iluminação.

 

Na Psicologia Analítica, é a âncora da consciência no mundo. Um Ego forte e diferenciado é necessário de forma a poder interagir com o inconsciente sem ser dominado por ele.

 

Resumindo:

 

No sentido psicológico, a dissolução do Ego significaria que o inconsciente assumiria o controlo, como acontece com algumas patologias mentais, por exemplo a esquizofrenia.

 

Na filosofia Sufi, é o caminho para a iluminação, mas sempre num contexto espiritual e não patológico.

 

 

Jung é psique humana; Sufismo é espiritualidade

 

A transcendência Sufi não é o mesmo que ser “devorado” pelo inconsciente colectivo. Para os sufis, dissolver o ego é uma escolha consciente, através de práticas que fortalecem a intenção e a conexão com o Divino.

 

Jung talvez dissesse que esta “dissolução” no Sufismo é uma espécie de um diálogo com o Self. Ou seja, um processo em que o ego permite ser guiado por algo maior, sem se perder.

 

Desta forma permite-se que haja uma relação saudável entre a individualidade e o todo.

 

 

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