Ter consciência da sombra não chega
6 de Março, 2025
Quanto mais vivo a realidade do trabalho com a sombra nas sessões – seja pelas experiências dos meus clientes ou pelas minhas próprias, que também as tenho vivido – mais compreendo a complexidade do comportamento humano.
Não há curso superior ou estágio profissional que ensine esta m*rda.
E é por isso que me custa ir às redes sociais e ver tanto guru da pseudo espiritualidade a cagar postas de pescada sobre “trabalhar a sombra”, como se fosse um processo linear e bonito.
Não, não é linear.
Não, não se faz só em retiros de homens aos urros na floresta ou a bater com a mão no peito nos claustros da igreja.
Não, não basta sentar em círculos kumbaya ou meditar na transcendência cósmica.
Porque falta a prática.
Ter consciência da sombra não chega
A Barbara Hannah (discípula directa de Jung) dizia que ter consciência da sombra não chega.
Só porque a reconheces e a analisas intelectualmente não significa que a integraste.
Tens de vivê-la.
Tens de confrontá-la.
Tens de sustentar a responsabilidade que acarreta.
Tens de suportar o desconforto que vem com todo o processo.
Integrar a sombra não é um conceito bonito e zen – é um trabalho sujo.
Eu já vi esse processo acontecer à minha frente – pessoas que têm si um potencial enorme, mas que, naquele momento da vida, simplesmente não conseguem enfrentar a sombra.
E isso rasga-me a alma.
Cada um tem o seu tempo e as suas defesas e desmontar isto tudo tem de partir da própria pessoa. Não há terapeuta ou guru que possa fazer alguma coisa.
Por isso, estes bacanos do Instagram, que fazem parecer que lidar com traumas e padrões inconscientes é uma coisa fluida e “leve”, só estão a vender ilusões
Não basta estudar teorias, fazer o retiro com as manas e os brothers, acumular 354.817 cursos, racionalizar as emoções e afirmar “estou consciente da minha sombra.”
Se não a viveste [na prática], não a enfrentaste.
E, se não a enfrentaste, não a integraste.
Tout court.

Vivo para escrever. Adoro puzzles e mistérios. Não passo sem um cafézinho, música (especialmente heavy metal!) e uma boa dose de ironia. Silêncios são necessários e prazerosos, assim como os livros * Sou Licenciada e Mestre em Psicologia Clínica e Terapeuta de Shadow Work e Desenvolvimento Pessoal * Gosto de ler e estudar sobre Mitologia, Espiritualidade, Psicologia da Religião, Parapsicologia e Psicologia Analítica.