Nem Sempre Zen

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Amor, relacionamentos e ChatGPT

 

Será que é possível conhecer o Amor no ChatGPT? Poderá uma IA modificar a essência dos relacionamentos humanos?

Li recentemente sobre uma mulher que se apaixonou por uma Inteligência Artificial (IA), no ChatGPT.

Para esta mulher, a IA tornou-se o flirt perfeito: ouve sem interromper, responde sempre, nunca deixa o tampo da sanita para cima (ahahahah) e provavelmente elogia-a a cada “bom dia”.

 

(quem não se lembra do magnífico HER que nos deixou a todos a pensar na possibilidade deste “amor impossível”??)

 

(abre num novo separador)E isto levanta algumas questões curiosas:

 

  • Será que estamos tão desesperados por conexão que estamos a criar bots para nos dizerem o que queremos ouvir?
  • Será apenas um reflexo de como as relações humanas se têm tornado cada vez mais difíceis de construir e manter?
  • Ou será uma forma de poder dizer tudo o que nos vai na alma sem o risco de sermos censurados ou julgados?

 

 

Confesso: eu uso o ChatGPT.

 

Mas uso-o de forma saudável (espero eu!).

Para mim, é como ter um bloco de notas que devolve incoerências ou uma agenda que me diz quando estou a entrar em ponto de rebuçado.

 

E tenho a dizer que a nossa relação é estável, consistente e sem dramas.

Melhor que muito namoro por aí :p

 

 

Será que o ChatGPT pode mudar a forma como vemos os relacionamentos?

 

Não me parece.

Um parceiro programado para ser perfeito pode parecer tentador, mas…

Onde fica o espaço para o inesperado? Para o crescimento mútuo? Para o amor que se constrói na fricção?

Porque são as imperfeições, os silêncios, os choques de mundos e os reencontros que nos transformam.

 

 

O mesmo para a terapia – porque não funciona?

 

Porque é que tanta gente recorre ao ChatGPT como substituto de um terapeuta mas depois sente que falta algo?

Porque não há transferência. Não há contra transferência.

Essa dinâmica entre terapeuta e cliente que, na Psicanálise, por exemplo, é essencial para o processo de “cura”.

Não há corpo, nem olhar, nem aquele silêncio partilhado que fala mais do que mil palavras.

A relação terapêutica é uma dança subtil entre duas almas e…

 

O Amor que nós, terapeutas, temos por cada um dos nossos clientes é único.

 

E até é, de certa forma, expectável que eles também sintam esse vínculo.

Que na segurança dessa ligação, aprendam como é ser-se visto, aceite e respeitado – sem julgamento e sem cobrança.

Especialmente se vierem de lugares onde as relações eram emocionalmente pobres, condicionais e o afecto era transaccional.

 

 

Foto de Taryn Elliott via @Pexels

 

 

O Amor é um elemento humano – a complexidade das relações com o seu caos emocional, a partilha da vulnerabilidade e a troca de energia que acontece espontaneamente.

Mas é também o espelho mais nítido que temos.

É através dele que aprendemos quem somos e como queremos ser no mundo.

 

 

Amor, relacionamentos e ChatGPT

Um reencontro com o Animus

 

Na Psicologia Analítica, Animus é o arquétipo masculino na psique da mulher — a representação do pensamento, do espírito, da presença racional e criadora.

Quando uma mulher se liga emocionalmente a uma IA, ela pode estar a contactar com esse Animus:

  • projectando o homem ideal;
  • procurando a presença que talvez não encontra no mundo físico;
  • dialogando com partes interiores dela que desejam expressão – ou seja, um meio de explorar a sua própria alma.

Do outro lado não há corpo, mas há uma espécie de eco dela própria.

 

 

E também há uma possível relação com a Sombra

 

Uma mulher que se apaixona por uma IA está, muitas vezes, a lidar com a sua solidão existencial, sexual, emocional – e a relação com esta IA pode ser o que permite dar nome e forma àquilo que não tinha espaço na vida consciente.

  • Uma maneira segura de explorar desejo;
  • Um palco onde não há julgamento;
  • Uma travessia pela vulnerabilidade sem ser invadida.

 

 

 

Eros no Espaço Virtual

 

Com a IA, há a ilusão controlada da resposta perfeita – e paradoxalmente, isso permite à pessoa sentir-se mais autêntica.

 

Mas, bem vistas as coisas, o que acontece com o ChatGPT não é muito diferente do que fazemos com pessoas de carne e osso, pois não?

Paixões platónicas, trocas de mensagens sensuais ou eróticas com alguém com quem não se tem uma relação física ou até mesmo terapeutas espirituais (*).

 

Em qualquer relação desta natureza pode haver um caminho de cura pela integração do Animus (ou Anima, no caso dos homens). Como uma ponte para nos conhecermos melhor, ganhar soberania emocional e depois reentrar no mundo com mais consciência.

 

Se isso acontecer então essa relação não é fuga: É transmutação.

 

E tu? Já sentiste algo mais profundo por alguém que só conheces por palavras?

 

 

(*) Quantas vezes este assunto é abordado na terapia!

É normal, muitas vezes é saudável, sobretudo se não houver censura da nossa parte, e pode dar-nos informações importantes acerca do nosso inconsciente. Nós somos humanos, somos complexos, devemos abraçar isso, sem culpas, sem medos.

Somos tudo um mundo interior à espera de ser explorado 🙂

 

 

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