A verdade do outro não tem de nos ferir
7 de Maio, 2025
A verdade do outro não tem de nos ferir. Mas às vezes morde – e bem.
(E dói)
Um castelo inteiro de expectativas
Quantas vezes uma palavra, um silêncio ou um simples “não sinto o mesmo” derrubam um castelo inteiro de expectativas?
O ser humano sabe disto – é uma lição que aprendemos desde cedo.
(mas a gente gosta de uma boa novela mexicana para dar uso ao pacotinho de lenços de papel, né?)
A caranguejola em mim, apesar de emocional até ao osso, detesta drama – deve ser a Lua em Carneiro, que é toda furacão.
Então, não me deixo já envolver tão intensamente mas ainda sofro bastante quando as pessoas se afastam.
Às vezes sem razão alguma em particular – só a vida a acontecer – ou simplesmente porque os caminhos deixaram de se alinhar.
Ou ainda, havendo até uma razão, o outro não a comunica. E isso abre espaço para a dúvida, para os “porquê?”, “fiz alguma coisa?”.
(Pfff… quem nunca?!)
E vai que até nem fizemos nada.
Simplesmente o outro fez uma escolha – que nada tem que ver connosco – e seguiu caminho na sua verdade.
A razão até entende. Mas o coração… nem sempre.
(olha aí as sombras a espreitar, as manhosas…)
A verdade do outro não tem de nos ferir
E há aqui uma coisa muito importante:
A verdade do outro não tem de nos ferir.
Pode ser desconfortável, frustrar planos, mexer com feridas antigas.
Mas não tem de ser interpretada como ataque, rejeição, culpa ou falha pessoal.
Quando alguém expressa a sua verdade – seja ela amor, afastamento, dúvida ou clareza – está apenas a ocupar o lugar que lhe pertence.
E, ao fazê-lo, dá-nos (mesmo que sem intenção) a liberdade de ocuparmos o nosso.
É aqui que tantas relações (qualquer que seja a sua natureza) tropeçam:
No desejo de que o outro nos salve das nossas feridas.
Ou nos diga aquilo que queremos ouvir só para não nos abanarmos todos por dentro.
Mas a verdade – a verdadeira, não a bonitinha com laço cor-de-rosa – não está cá para agradar. Está cá para alinhar.
E dói, claro que sim.
Claro que às vezes apetece fechar para inventário, mudar de planeta ou mandar umas bocas crípticas nas redes sociais.
Mas… vale a pena?
(Eu digo que não)
Abrir espaço para o novo
Porque até nisto há beleza: a possibilidade de escolher com quem dançamos quando a música muda.
Pensa comigo…. E se a verdade do outro abrir espaço para uma nova versão da nossa?
Uma versão que já não suplica.
Que já não se sabota.
Que já não se pendura em ilusões toscas.
Uma versão que diz:
“Quero alguém que saiba sustentar presença, desejo e verdade – mesmo que tudo isso assuste um bocadinho.”
É ou não é libertador? 😉
(e isto também é Shadow Work)

Vivo para escrever. Adoro puzzles e mistérios. Não passo sem um cafézinho, música e uma boa dose de ironia. Silêncios são necessários e prazerosos, assim como os livros. * Sou Mestre em Psicologia Clínica e trabalho em part-time como Terapeuta de Shadow Work e Desenvolvimento Pessoal. * O meu trabalho full time é desenvolvido na área de Consultoria Fiscal de PME’s. * As minhas áreas de interesse preferidas são Psicologia Analítica, Mitologia, Filosofia, Psicologia da Religião e Parapsicologia.