Nem Sempre Zen

Shadow Work 🌓 Evolução Pessoal & Espiritual ❤️‍🔥 Wild Hearts & Deep Minds

Espiritualidade sem Essência

Tudo parece ter hora certa e prazo nesta vida:

Há idade para estudar, viajar, casar, comprar casa, despertar para a sexualidade, enveredar por um caminho de vida mais consciente e espiritual, morrer.

Há prazo para sair de casa dos pais, ter filhos, amantes, vestir roupas pirosas, tirar a carta de condução, estudar, mandar alguém ir-se f.der, morrer.

 

(morrer é certo!)

 

Até ser espiritual tem cronograma…

Junte-se:

  • 5 passos para curar a tua criança interior (como se fosse simples) +
  • 3 workshops para abrir o coração (a vulva, a carteira, e sabe deus que mais…) +
  • 21 dias para te transformares em luz… (esta coisa de quererem que as pessoas persigam o estado de pessoa da edp…)

et voilá! 
vida check!
espiritualidade check!

Afff… seca
Falta de profundidade….

Depois converso com pessoas que se sentem deslocadas da realidade porque não encaixam nesses perfis de vidas aparentemente construídas com solidez e com sentido

Pois claro que não.
Não temos todos o mesmo ritmo e a mesma história.

Não estudámos nos mesmos sítios, nas mesmas áreas, não nos apaixonamos pelas mesmas pessoas, não vivemos os mesmos lutos, não tropeçamos nos mesmos obstáculos, nem choramos pelas mesmas razões, nem tão pouco rimos com a mesma piada.

 

 

Espiritualidade sem essência

 

Há pessoas que sentem que precisam encaixar num perfil de bruxa, de mulher sagrada ou de homem espiritualizado que conhece as escrituras de trás para a frente.

Talvez porque foram bombardeados com anúncios no Instagram de eventos, de comunidades, de retiros que apelam ao seu lado mais carente e sofrido, à libertação e cura em formato express para viverem plenamente a sua missão de raio de luz divino e yada yada yada

Até à integração total que é: mostrar isso tudo nas redes sociais… o shadow work de verniz vermelho e a cura emocional de pés descalços, porque se não está na internet, não aconteceu, certo?

Mas e isso significa o quê na prática?

 

 

Eu não sou pessoa de relações e vivências vazias ou à superfície, quando vou, vou fundo, nem que parta a cabeça e o coração no processo

E acredito que tu também, se não, não estavas aqui.

 

Então, compreendes quando digo que mesmo no mundo sagrado da religião/espiritualidade muitas vezes faltam ingredientes essenciais como:

Tempo. Corpo. Integração. Relação. Alma.

 

  • Há quem tenha sempre as palavras certas na hora certa e nunca se engasgue a falar – mas não entende verdadeiramente o que diz.
  • Há quem diga “gratidão” no final de cada frase e se benza religiosamente – mas a cabeça está noutro lado.
  • Há quem te olhe nos olhos com aquele ar de quem medita há mil anos – mas depois não sabe estar contigo em silêncio quando a tua sombra grita.
  • Há quem conheça os mantras, os arcanos, as runas, recite os os códigos da alma e pronuncie as palavras certas para um post, para uma rodinha de fadas ou um retiro de feiticeiros de barba rija mas depois…

 

Não sabe amar.
Não sabe esperar.
Não sabe ver.
Não sabe sentir.
Não sabe respeitar.

 

O mundo está cheio de altares vazios

 

E tu não queres isso.

Tu queres gente inteira, mesmo quando “partida”.

Gente que não te oferece certezas, mas presença.

Gente que não se assusta com as tuas lágrimas desalinhadas nem tenta suprimi-las com fórmulas de superação.

Gente que conhece o sabor do sangue.

Esses não recitam o sagrado – encarnam-no.

E se este texto te encontrou… talvez tu sejas dessa tribo também.

Daqueles que não sabem o nome mas reconhecem o sentimento.

Daqueles que não só conhecem o verbo, ou não o conhecem de todo, mas vão além da letra e respiram e vivem o seu espírito.

 

 

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