A persona e autenticidade
19 de Novembro, 2020

Há quem, no desejo de viver em autenticidade, não consiga aceitar a sua persona e representar os vários papéis que lhe estão destinados na sociedade.
Isso pode levar a que sejam feitas escolhas dramáticas, supostamente “alinhadas com o propósito de vida” mas que mascaram a incapacidade de se integrar e viver de forma adequada em meio à sociedade.
Ex: o newbie da espiritualidade que trabalha num Banco, engravatado e “obrigado” a determinada postura, percebe que vive melhor de calções e chanatos, a queimar incensos e a cantar kumbaya ️e quer despedir-se do trabalho – que é o seu principal sustento – porque já não está “alinhado com a sua essência”.
Ok, calma.
As duas coisas podem (e devem) coexistir de forma saudável.
É bem verdade que a nossa perspectiva da vida muda, ao longo do tempo, e os nossos interesses acompanham essa mudança. Mas precisamos pensar bem se seguir o que “o coração diz” é de facto uma necessidade concretizável (a curto, médio ou longo prazo) ou se estamos a ir na carneirada por uma incapacidade de gerir um novo modo de estar e de pensar na vida.
A Persona enquanto máscara funcional
A persona é parte do nosso aparelho psíquico, faz parte de nós e tem esta capacidade de nos ajudar a ajustar ao mundo em que vivemos. Eu não sou a mesma Patrícia no trabalho e com os amigos. Não posso ser. O local, os interlocutores e as circunstâncias exigem-me diferentes comportamentos, sem que, no entanto, eu deixe de ser a mesma pessoa.
Representar um papel, já falámos de máscaras aqui, não tem nada de pejorativo, não é mentir ou enganar, é uma capacidade adaptativa que precisamos desenvolver, conscientes que, em essência, nunca deixamos de ser quem realmente somos.
“Nos dramas gregos, as máscaras dos atores, audaciosamente desenhadas, informavam a toda a platéia, ainda que de forma um pouco estereotipada, sobre o carácter e as atitudes do papel que cada actor estava representando.”
Constança Bettencourt

Vivo para escrever. Adoro puzzles e mistérios. Não passo sem um cafézinho, música (especialmente heavy metal!) e uma boa dose de ironia. Silêncios são necessários e prazerosos, assim como os livros * Sou Licenciada e Mestre em Psicologia Clínica e Terapeuta de Shadow Work e Desenvolvimento Pessoal * Gosto de ler e estudar sobre Mitologia, Espiritualidade, Psicologia da Religião, Parapsicologia e Psicologia Analítica.
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