Nem Sempre Zen

Shadow Work 🌓 Corpo como Portal » Alma como Caminho ❤️‍🔥 para Almas Bravas

Sombra, Caos e Arte

 

Hoje gostava de falar contigo sobre sombra, caos e arte.

Sobre formas de exorcizar aquilo a que chamo, meio na brincadeira, de Apocalipse Cósmico Interno – o nosso Inferno interior.

Sobre transmutar a dor em algo fértil.

 

Sombra, Caos e Arte

 

Diz-se que Carl Jung terá usado a expressão “the gold is in the dark”​ – o ouro está na escuridão ​- para falar sobre os nossos dons e talentos reprimidos . Aqueles que, por alguma razão, ficaram na sombra, perdidos nas profundezas da nossa psique, sem espaço para se revelarem de forma prática na nossa vida.

É por isso que se diz que na sombra nem sempre tudo é mau ou negativo.

E mesmo que existam emoções caóticas e pensamentos obscuros, é possível transformar tudo isto em algo luminoso e criativo.

 

Essa descida, porém, não é gratuita.

É uma alquimia da alma que exige profundidade, trabalho interior, humildade e força de vontade.

 

O objectivo? A totalidade psíquica.

A tão falada individuação ​- o tornar-se aquilo que já se é, mas ainda não se teve coragem de encarnar.

 

 

Sombra – Transformar o Caos em Arte

 

Há cerca de quatro anos, assisti a um workshop com o Phil Bozeman, vocalista da banda de metal Whitechapel  – que tinha começado a ouvir há pouco tempo.

 

 

 

Este homem, de voz possante em palco e presença quase silenciosa fora dele, tem uma história de vida marcada pela perda prematura dos pais (a mãe morreu em circunstâncias traumáticas – tema recorrente nas letras da banda).

Para conseguir enfrentar a dor, ele encontrou uma forma profundamente particular de exorcizar os seus demónios: através da escrita de letras, que depois vocaliza como se estivesse a sangrar por dentro.

 

Nesse workshop, explicou que, para conseguir trazer ao de cima todo o lirismo, precisa conscientemente de se recolher no seu inferno pessoal. Fá-lo de forma deliberada, quase como um ritual que oscila entre o masoquismo e a curiosidade.

Desce à dor, caminha por entre os seus monstros, mergulha na sombra e volta à tona com palavras que rompem a carne e a alma.

 

Shadow Work, trabalhar a sombra, não é sobre velas e incenso, choros catárticos e journaling bonito – é sobre a força bruta da alma a rasgar-se para depois se refazer.

E o que que o Phil Bozeman faz é Shadow Work puro.

 

 

A Arte como veículo da anima

 

Isto faz todo o sentido se olharmos com os olhos da Psicologia Analítica.

A anima – essa entidade simbólica, sensível – fala por imagens, símbolos, música, gestos. 

É, por isso, um dos canais naturais por onde a anima se manifesta – porque é fluida, sensual e emocional.

 

 

 

 

Desafio-te.

 

Hoje quero desafiar-te a encontrares a tua própria forma de exorcizar o caos.

Dá corpo ao que grita em silêncio.

O acto de criar pode ser um portal. Um feitiço. Um orgasmo psíquico.

Uma forma de libertar o que está preso dentro de ti.

 

Por isso…

Pega nessa raiva mal digerida, nesse vazio que te rói o peito, nessa saudade que ninguém compreende e dá-lhe forma.

Escreve. Desenha. Pinta. Canta. Dança. Cozinha.

Não tem de ser arte clássica, nem Instagramável, nem moral ou esteticamente aceitável.

Pode ser grotesco, desajeitado ou visceral – desde que te ajude a transformar a energia caótica em algo que te pertença e na qual te reconheças.

 

 

 

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