O “outro” é o nosso maior e melhor espelho

O “outro” é o nosso maior e melhor espelho: esta foi sem dúvida uma das minhas maiores lições pessoais.

Lições aprendidas a trabalhar com Shadow Work – que me tem ajudado a desconstruir muitos mitos pessoais mas também colectivos.

Bloquear ou não bloquear, eis a questão.

Não raras vezes, as pessoas que chegam até mim, magoadas por uma relação ou por uma rejeição, dizem-me que vão bloquear aquela pessoa nas redes sociais, isolar-se do mundo, jurar nunca mais amar e virar eremitas emocionais.

E eu entendo. Demais.

Só que a cura, seja do coração partido, da criança interior ou da alma cansada,  implica trabalho interno, sim… mas também implica relação: Encontro, troca, exposição e presença.

O “outro” é o nosso maior e melhor espelho

As pessoas são espelhos do nosso inconsciente e a “cura” acontece quando nos vemos reflectidos/as na dinâmica dessa relação com o “outro”.

Quando alguém nos parte o coração e nós temos de segurá-lo fora do corpo, a sangrar, até conseguir respirar outra vez.

Ou, num ponto mais positivo, nas relações de confiança que vamos construindo aos poucos por exemplo:

• na dinâmica com um terapeuta que te vê além da tua dor;
• numa amizade improvável, mas segura;
• num grupo com um propósito comum, onde te sentes parte de algo.

Por isso, nunca aconselho medidas extremas – excepto em casos de abuso, coerção ou qualquer forma de violência emocional ou física. Aí, sim, corta e protege-te. Haja bom senso e auto preservação.

Virar as costas ao mundo TODO só porque UM ALGUÉM te magoou?

Talvez não seja o caminho mais sábio.

Em vez disso, pergunta-te:

• Quem és tu quando és rejeitado?
• Quem és tu quando te entregas ao corpo de alguém mas a tua alma está noutro lugar? Com outro alguém?
• Quem és tu quando te calas por medo de seres engolido pelas certezas dos outros?
• Quem és tu quando vives com um osso entalado na garganta, porque enquanto ele lá estiver… tens uma desculpa para não dizer o que sentes?

E deixa-te estar nessas perguntas, sem necessidade de lhes dar uma resposta rápida e pronta.

Deixa-te mergulhar nesse desconforto, aprende com isso. Abraça a pessoa que és, mesmo nestes momentos mais confusos e em que te sentes pequenino/a.

Isto também é Shadow Work.

Patrícia Gomes

Vivo para escrever. Adoro puzzles e mistérios. Não passo sem um cafézinho, música e uma boa dose de ironia. Silêncios são necessários e prazerosos, assim como os livros. * Sou Mestre em Psicologia Clínica e trabalho em part-time como Terapeuta de Shadow Work e Desenvolvimento Pessoal. * O meu trabalho full time é desenvolvido na área de Consultoria Fiscal de PME’s. * As minhas áreas de interesse preferidas são Psicologia Analítica, Mitologia, Filosofia, Psicologia da Religião e Parapsicologia.

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