Um símbolo escapa a qualquer definição
21 de Outubro, 2021
Compreender o símbolo
Temos percebido, desde há algum tempo, que muitas pessoas têm dificuldade em ler e compreender textos de carácter mais simbólico e abstracto. Muitas vezes conceitos como arquétipos ou artigos de teor religioso ou espiritual, por exemplo, são mal interpretados e levianamente levados à letra.
A Bíblia cristã é o maior e mais paradigmático dos exemplos de obras que deviam ser lidas simbolicamente, “à luz do espírito” mas que, pelo contrário, têm sido ostensivamente utilizadas de forma errada para satisfazer interesses alheios.
Da mesma forma, hoje em dia, alguns líderes da comunidade espiritual new age falham em explicar o significado de certas ideias e conceitos, deturpando a essência das mensagens e levando os crentes à confusão e à ilusão.
Este é um ponto importante sobre os símbolos: eles não se referem a eventos históricos; eles referem-se, por meio de eventos históricos, a princípios espirituais ou psicológicos e poderes que são de ontem, hoje e amanhã, e que estão em toda parte.
Joseph Campbell
Um símbolo escapa a qualquer definição
Enquanto estudantes e intérpretes de símbolos, sentimos necessidade de incentivar as pessoas a ler e através da leitura aprender, tomar contacto com conceitos e diferentes teorias e, simultaneamente, fazer uso da sua imaginação, integrando esse conhecimentos com as suas experiências pessoais. Também aqui ter pensamento crítico é essencial.
É importante ter em mente que, nas palavras de Chevalier e Gheerbrant, “um símbolo escapa a qualquer definição”.
Por mais que existam definições estudadas, a percepção que cada um de nós tem de um símbolo é individual, pessoal. Isto significa que tal como cada pessoa é um ser único, o símbolo é aberto e dinâmico e depende das vivências e experiências de cada um.
Os arquétipos, os mitos, e outros elementos de teor simbólico, não são para serem vistos como um plano a seguir ou um objectivo a alcançar. São, sim, formas de nos aprofundarmos na nossa psique, permitindo-nos chegar a um outro nível de autoconhecimento e transformação interna.
As imagens, os símbolos, os mitos, não são criações irresponsáveis da psique; eles respondem a uma necessidade e preenchem uma função: pôr a nu as mais secretas modalidades do ser. Por conseguinte o seu estudo permite-nos conhecer melhor o homem, «o homem sem mais», aquele que ainda não transigiu com as condições da história.
Mircea Eliade
Texto escrito em colaboração com Joana Silva, terapeuta e autora do site www.terapiasdalma.com
Vivo para escrever. Adoro puzzles e mistérios. Não passo sem um cafézinho, música (especialmente heavy metal!) e uma boa dose de ironia. Silêncios são necessários e prazerosos, assim como os livros * Sou Licenciada e Mestre em Psicologia Clínica e Terapeuta de Shadow Work e Desenvolvimento Pessoal * Gosto de ler e estudar sobre Mitologia, Espiritualidade, Psicologia da Religião, Parapsicologia e Psicologia Analítica.