Traumas emocionais
17 de Fevereiro, 2024
Desvelar traumas emocionais
Quando descobres a verdade sobre algo, sobre ti, queres escavar rapidamente e ir ao fundo da questão. Mas por vezes é preciso paciência e cuidado, porque ao revelar informações delicadas, nem sempre reagimos da melhor forma.
Meditação para curar traumas? … Não.
Achas que vai descobrir e resolver os teus traumas numa única consulta de Psicoterapia?
Ou numa Meditação ou leitura de Tarot ou ainda num círculo de mulheres?
Ou através de códigos, kundalini yoga e reprogramação de ADN?
Até podes achar que sim, só que não.
É um erro comum achar que um trauma se resolve num workshop de self care durante um fim de semana ou num retiro de ayahuasca.
E se alguém tentar vender essa ideia, desconfia.
Se calhar, até podes ter essa sensação de “cura” quase instantânea em consequência da intensidade da experiência ou pela comunhão com outras pessoas que passaram por situações semelhantes à tua. Mas o (teu) trabalho (pessoal) só está a começar.
Descascar a cebola
Há muitos tipos de traumas e todos nós passamos por um ou outro ao longo da vida, especialmente na infância. A maior parte não deixa marcas, ou é resolvido naturalmente na idade adulta.
Outros há que, pela sua gravidade, requerem uma atenção especial e aí sim, a psicoterapia pode ajudar.
Outras terapias alternativas, ou ligadas à espiritualidade ou práticas religiosas também podem ser auxiliares importantes. Mas, é preciso ter alguma atenção no tipo de trabalho desenvolvido, ou até na experiência (ou falta dela) do terapeuta com este tipo de assunto.
O Trauma acontece a qualquer indivíduo, aos seus familiares e a todos os que o rodeiam.
A exposição prolongada a vários eventos traumáticos de carácter interpessoal, particularmente na infância, proporciona o surgimento de sintomas e consequências mais complexos do que aqueles que podem surgir após vivenciar apenas um evento traumático marcante afetando verdadeiramente o seu bem-estar.
Outra coisa muito importante é que este trabalho deve ser feito de forma consciente.
A hipnoterapia, por exemplo, pode ser útil em algumas situações (preferencialmente feita por uma pessoa formada em Psicologia ou Psiquiatria). Tal como o trabalho espiritual também pode ajudar, mas em qualquer dos casos recomendo sempre acompanhar com Psicoterapia para, de forma consciente, irmos descascando a cebola.
Não esperes curar traumas a dormir, a rezar ou num estalar de dedos e muito menos sem algum tipo de investimento pessoal no teu processo terapêutico.
Coping religioso e espiritual
Desvelar traumas é como descascar uma cebola, na maior parte das vezes tem de ser camada a camada, para não desestruturar a nossa psique.
Há pessoas que enfrentam essa experiência com alguma facilidade, mas a maioria de nós, não.
Cada caso é um caso – e eu tenho vários exemplos distintos entre as pessoas que estão a fazer terapia comigo, o que é muito interessante.
A forma como cada pessoa reage à descoberta de um trauma e a sua busca pela resolução do conflito interno é muito pessoal, mas em todos os casos merece paciência e compaixão.
Por isso deixo o alerta para quem recorre à religião e/ou espiritualidade (apenas) para resolver os seus traumas, devido a eventuais ideias distorcidas sobre a sua origem e a forma de tratamento.
Como diz a Dra. Leticia Alminhana, a gente pode ao mesmo tempo meditar, rezar, tomar banho de ervas e fazer psicoterapia!
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Procura ajuda quando sentires que sozinho(a) já não consegues enfrentar o dia a dia – existam ou não dificuldades no momento presente.
O SNS tem uma Linha de Atendimento Psicológico gratuito – para aceder basta ligar 808 24 24 24 e escolher a opção 4.
Vivo para escrever. Adoro puzzles e mistérios. Não passo sem um cafézinho, música (especialmente heavy metal!) e uma boa dose de ironia. Silêncios são necessários e prazerosos, assim como os livros * Sou Licenciada e Mestre em Psicologia Clínica e Terapeuta de Shadow Work e Desenvolvimento Pessoal * Gosto de ler e estudar sobre Mitologia, Espiritualidade, Psicologia da Religião, Parapsicologia e Psicologia Analítica.