Nem Sempre Zen

Shadow Work ~ Interligando Consciente e Inconsciente

Terapias alternativas [foco na homeopatia]

 

 

Hoje falamos de terapias alternativas, nomeadamente sobre homeopatia e do surgimento de terapeutas não qualificados.

Vamos também tentar perceber se a depressão pode ser curada simplesmente com o poder das plantas….

 

 

O que são as terapias alternativas?

 

A medicina e saúde integrativas (MSI) e a medicina complementar e alternativa (MCA) são abordagens e tratamentos curativos que historicamente não foram incorporados pela medicina convencional ocidental.

Muitas vezes considera-se a MCA a medicina que não se baseia nos princípios da medicina ocidental dominante. No entanto, essa caracterização não é estritamente precisa.

Uma diferença fundamental entre a MCA e a medicina convencional é a força da evidências que corroboram suas melhores práticas. A medicina convencional, quando possível, fundamenta suas práticas apenas nas evidências científicas mais conclusivas. Em comparação, a MCA fundamenta-se em práticas moldadas em evidências empíricas — práticas baseadas nas melhores evidências disponíveis, mesmo quando essas evidências não atendem os mais altos e mais rígidos critérios de eficácia e segurança.

 

Foto de Elijah O’Donnell via @pexels

 

 

Terapias alternativas em tempos de pandemia – um olhar crítico sobre o surgimento de terapeutas não qualificados

 

O surgimento de terapeutas holísticos nas redes sociais teve um boom durante a pandemia de covid-19.

Não só muitas pessoas ficaram em casa e tiveram de ocupar o tempo, como muitas perderam o emprego e precisaram arranjar uma fonte de rendimento.

 

A procura de temáticas subjacentes ao bem estar e à espiritualidade nas redes sociais foi imenso porque também surgiu bastante oferta. De repente apareceram terapeutas de variadíssimas práticas alternativas holísticas e no meio disto tudo os terapeutas de pacote de cereal.

 

Estes últimos são aqueles terapeutas que se formaram em pouco tempo, numa disciplina sem rigor científico, sem professores formados, sem curriculum certificado.

São os que inventaram uma terapia pegando em 40 outras terapias e misturaram tudo, pondo na mesma panela emancipação feminina, jesus cristo, mezinhas da avó e medicinas indígenas.

 

Ao mesmo tempo que houve um florescer de saberes interessantes a explorar e de temáticas que despertaram a positividade, o gosto pelo natural e o amor e conforto de que tanto precisávamos, também apareceram muitas terapias perigosas para a saúde física e mental, muito pela falta de informação fidedigna.

 

Não só as terapias não têm qualquer base de conhecimento científico e vivem na base da exploração das experiências pessoais dos terapeutas – ou seja, “é assim porque funcionou comigo” – como a informação difundida carece de fundamentação.

 

 

Foto de Alexander Krivitskiy via @pexels

 

 

Homeopatia cura a depressão?

 

Voltamos à homeopatia e à utilização de infusões e medicamentos naturais baseados, por exemplo no Herbalismo.

 

Não supor que remédios homeopáticos são biologicamente inativos; embora os ingredientes nos remédios homeopáticos geralmente sejam tão diluídos que não têm potencial de causar danos, alguns remédios proclamados como homeopáticos contêm ingredientes em quantidades que podem ter efeitos fisiológicos.

 

 

Não é que seja perigoso per se, afinal de contas estes medicamentos são aprovados pelo Infarmed (em Portugal) ou que seja errado usá-los.

Mas é fundamental que se diga que estes tratamentos não garantem qualquer eficácia na cura de doenças.

 

 

Foto de Tara Winstead via @pexels

 

 

Produtora agrícola e bióloga, Ana Maria Dinis é Herbalista e mestre em Agroecologia com formação em Fitoterapia.

Atenta a este fenómeno, Ana refere que:

 

há herbalistas [nas redes sociais] que receitam infusões e plantas de forma generalizada para determinada maleita sem se preocuparem com quem está a ler, se tem alguma doença ou se toma medicação. Vender xaropes inclusive para crianças sem dar os ingredientes ou não alertar para eventual alergia a produtos cosméticos é perigoso.”

 

Ana acredita que as pessoas que praticam herbalismo sabem o que significa ser herbalista mas que “nem sempre disponibilizam toda a informação relevante para esclarecer os seguidores [nas redes sociais] e os utilizadores [destes remédios naturais] sobre um uso correcto e seguro no seu dia a dia.”

 

Muitos destes profissionais pecam na falta de divulgação de informação.

Infelizmente o utente muitas vezes também não procura esse conhecimento, acreditando piamente na afirmação simplista de que “o que é natural é bom”.

 

 

É fundamental conhecer plantas mas também as interacções com medicamentos

 

Se quisermos fazer uma utilização preventiva e recreativa com plantas, não há mal nenhum.

O importante é ter um conhecimento das interacções com eventuais medicamentos que estejamos a tomar.

E, claro, não afirmar que a homeopatia, ou qualquer outra terapia à base de plantas CURA a depressão (*).

 

“Não há nenhuma prova científica de que diluir, sucessivamente, determinadas substâncias em água cause marcas moleculares nessa água e que essa água, com supostas marcas moleculares ou energias, tenha qualquer efeito direto sobre a biologia do nosso corpo – neste caso sobre o nosso cérebro”

 

* Note-se que estou a falar de depressão grave e clinicamente diagnosticada.

 

 

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