A propósito do Dia Internacional da Mulher, que eu não comemoro, fica aqui um aparte à temática deste site para escrever algo sobre “Ser Mulher”.

Atenção:

O que vem a seguir tem alguma ironia por isso, se esse é um tom que não entende, por favor, não leia este texto.

Eu sempre fui contra dias disto, dias daquilo, porque acho que os acontecimentos e as pessoas devem ser comemorados quando temos oportunidade e tem de ser com sinceridade e não à laia de obrigação só porque é moda.

Uma pesquisa no browser da Google vale mais do que muitas teses de doutoramento sobre ser mulher.

Estou OBVIAMENTE a ser irónica.
(só para relembrar que há por aqui alguma ironia)

SER MULHER

Ora bem, então SER MULHER, nas pesquisas da internet está relacionado com frases feministas e ser mãe.

Ser homem já é um bocadinho mais profundo… tem filosofia, homem de verdade, homem maduro. E não fala em ser pai.
Curioso, não é?

Não vou desmerecer o privilégio de uma mulher ser mãe, porque deve ser algo único, indescritível e é, para mim, um acto de poder (não, aqui não estou a ser irónica). MAS ser mulher não é ser mãe ou ser feminista. É mais do que isso.

SER MULHER é ter a capacidade de “encaixar” e “engolir sapos” em TANTAS!… mas tantas situações na vida….

Vamos lá enumerar algumas. SER MULHER É:

1. Ter de ouvir recriminações porque não quer ser mãe, porque quer ter sexo com vários homens ou não ter sexo de todo.

2. É ser criticada por não ser casada, por ser divorciada, por ter uma ou várias one night stand, por namorar com um gajo mais novo, por namorar com um gajo mais velho.

3. É ter de sair do trabalho a correr, sob o olhar torto do patrão, para ir acudir ao filho que está na escola com febre porque o trabalho do marido é mais importante e não pode sair OU porque é mãe solteira e que remédio tem de ser ela a fazer tudo sozinha e sem reclamar.

4. É ter de cuidar e dar banho da mãe doente porque “as mulheres é que tratam das mães, os homens não fazem isso porque não podem ver a mãe nua”.

5. É ter de fazer horas extraordinárias para poder ter aquela promoção, que aos homens só custa um almoço ou um cigarro ou até umas anedotas porcas.

6. É “ter o que merece” porque “estava a pedi-las” quando é violada porque usa mini-saia ou um decote generoso.

7. É ter de se calar quando é alvo de “piropos” insultuosos para não dar conversa “se não é pior”.

8. É ter a obrigação de andar bem arranjada, fazer depilação, ser elegante, cuidar dos filhos, cozinhar bem e ter a casa arrumada.

9. É ter ouvir e calar e muitas vezes levar porrada do marido E é ter de ser ela a sair de casa com os filhos às costas quando é alvo de violência doméstica.

10. É praticar um desporto “de homens” (boxe, futebol, MMA, tiro, etc…) e ser chamada de “machona”.

E já reparou que os homens que são educados e delicados, que andam bem arranjados, que fazem depilação e manicura, que são elegantes, que gostam de cozinhar para os amigos, que saem com outros homens e adoram a sua casa arrumada são chamados de MULHERES? E já percebeu que um homem ser chamado de mulher equivale a ser mariconço, gay, paneleiro, entre outros tantos “mimos”?

Às vezes parece que ser mulher não é lá muito lisonjeador…

O que acabei de descrever, felizmente hoje em dia JÁ NÃO ACONTECE COM TANTA FREQUÊNCIA mas…. AINDA ACONTECE!

Pode não ser à nossa beira, no nosso círculo de amigos ou na nossa cidade mas algures no mundo acontece.

Ainda há muita mentalidade a mudar. Portanto, vamos lá a virar o jogo e exigir respeito, pelo SER HUMANO que somos todos nós – mulheres e homens.

Patrícia Gomes

Vivo para escrever. Adoro puzzles e mistérios. Não passo sem um cafézinho, música (especialmente heavy metal!) e uma boa dose de ironia. Silêncios são necessários e prazerosos, assim como os livros * Sou Licenciada em Psicologia, Mestre em Psicologia, Aconselhamento e Psicoterapias e Terapeuta de Shadow Work * Actualmente estudo Psicologia Analítica e Psicologia da Religião.

www.nemsemprezen.pt