Nem Sempre Zen

Shadow Work * Psicologia e Aconselhamento * Espiritualidade

Respeito

Ao ver um evento de dança terapêutica, reparei na forma como as pessoas se moviam.
Uns rodopiavam sobre si mesmos, outros saltitavam e exploravam todos os cantos da sala, outros simplesmente ocupavam o espaço dos restantes participantes, impondo o movimento histérico do seu corpo na bolha do outro.

 

Assim são as pessoas na vida, nas redes sociais. Uns fazem o seu trabalho de forma organizada, focada e discreta, resguardando-se, sendo amável para com todos, outros fazem questão de se posicionar em bicos de pés para serem (bem) vistos e afirmar quão sábios são.

Se há coisa que me perturba é a invasão do espaço alheio, seja quando estou a assistir a um concerto e os matulões se metem à minha frente para dar a vista às namoradas (eu com 1,60 não me safo la muito bem né?), seja num transporte publico quando traçam as pernas que ficam a bater nas tuas, seja numa reunião que estás a conduzir e alguém insiste em interromper-te para “meter a colher” sem te deixar “vender o teu peixe” até ao fim ou mesmo nas redes sociais quando invadem o teu espaço para mandar bitaites sobre o quanto eles mesmos são bons e já viram e aconteceram.

 

Da mesma maneira que me perturbam os condutores que não fazem piscas (anda muita gente ai com bons carros mas coitados, sem piscas, que tragédia, foram enganados) porque isso significa que estás a borrifar-te para os outros. Se eu viro à esquerda ou à direita e não assinalo é porque me estou a cagar para ti que vens atrás de mim ou para o peão que não sabe se há-de atravessar a estrada ou ficar quieto.

 

 

Se estou no balcão do café e ocupo metade desse espaço com a minha carteira, telemóvel, chaves de carro, jornal, óculos de sol E café, estou-me a cagar para ti que estás amarfanhado a um cantinho a bebericar o teu café com os braços junto ao corpo porque espaço, esquece…

 

Se vou à tua conta de instagram comentar um comentário, passo a redundância, de outra pessoa e não comento o essencial do que o outro escreveu no seu post, estou a cagar-me para a mensagem principal e para quem escreveu.

 

Se eu atravesso as passadeiras na diagonal e não me desvio quando fico frente a frente a ti e ponho-te em risco de levares com um carro em cima, estou a cagar-me pra ti.

 

Respeito pelo outro. É o que eu sinto que falta na sociedade.

Os médicos e professores, entre tantos outros profissionais, são alvo de agressões simplesmente porque falta o respeito.

 

Quando eu me expresso, imaginemos que a dançar, tenho liberdade de me mover por toda a sala, fazer movimentos convulsivos, bater o pé ou rodopiar mas não tenho o direito de te desrespeitar e invadir o teu espaço, a tua performance, a tua concentração e foco, o teu momento.

 

(peço desculpa por um palavreado menos “próprio” mas só assim conseguiria expressar-me neste texto)

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3 Replies to “Respeito”

  • Humm, sim isso é super importante! Falhas todos temos e eu própria também já fiz porcaria, óbvio! Mas o reconhecer e pedir desculpa pela falha também é, como disseste, sinal de respeito. O que me parece é que anda tudo com palas nos olhos e não estão direccionadas em frente! Estão viradas para o próprio umbigo :( Obrigada pela tua opinião Joaninha! Beijinhos
  • Eu sinto o mesmo, que há muita falta de respeito pelo outro...pelo espaço, pela pessoa, pelo trabalho. Às vezes as pessoas podem não o fazer de forma consciente (contra mim falo que às vezes sou despistada e outras tenho uma ligação directa do cérebro à boca sem filtros) mas por alguma razão também existe outra coisa muito bonita além do respeito: pedir desculpa. Já me aconteceu espalhar a tralha toda em cima de um balcão do café, exemplo que dás, mas assim que me apercebi disso retirei as coisas para dar espaço aos outros e pedi desculpa. Não dá para acrescentar muito mais ao que disseste, amiga. Um beijinho
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