Quem somos nós (quando ninguém nos observa)?
29 de Abril, 2021
Quem somos nós quando ninguém nos observa?
A mesma pessoa que achamos que os outros vêem?
A pessoa que nós pensamos que somos?
Aqueles com quem privo na vida real não são nada do que aparentam nas redes sociais
Alguns são melhores pessoas, outros piores. E eu não sou diferente deles.
Conheci muitas pessoas pessoalmente com quem tive o primeiro contacto online. Algumas ainda hoje passados 20 anos são presença assídua na minha vida, a maioria não. Uns porque éramos apenas conhecidos de ocasião, outros seguiram outros caminhos na vida, outros ainda que se revelaram autênticas desilusões e a relação foi terminada.
Mas ainda bem que não somos iguais em todos os sítios, online/offline, em casa/no trabalho, com amigos/com família porque quando nos identificamos totalmente com a máscara que apresentamos nas redes sociais, algo poderá estar errado.
Precisamos entender que, por muita vulnerabilidade e “autenticidade” que tentem exibir, há algo mais profundo sobre as pessoas que não nos é possível conhecer.
Já escrevi sobre a máscara, a persona, em diversas ocasiões e continuo a achar relevante falar sobre este tema.
As redes sociais e o “homem sem sombra”
No livro “A natureza da Psique”, Carl Jung escreveu que o “homem sem sombra” é o “tipo humano estatisticamente mais comum, alguém que acredita ser apenas aquilo que gostaria de saber a respeito de si mesmo”.
Pessoas que mostram toda a sua vida pessoal nas redes sociais, seja lá porque razão for, podem tornar-se “pessoas sem sombra” pois depositam nos olhares públicos uma imagem daquilo porque gostariam de ser conhecidas (e geralmente são sempre coisas boas e positivas, claro!).
Quanto mais nos identificamos com a nossa persona, maior se torna a nossa sombra.
É natural e até desejável que sejamos pessoas diferentes em diferentes contextos e é normal que tenhamos um outro lado, o lado sombra que está oculto de nós, por ser inconsciente, e do público, porque na realidade não somos apenas o que queremos e o que gostamos de saber que somos mas somos, efectivamente, muito mais e isso confere-nos a verdadeira autenticidade.
Torna-se claro, assim, que fazer comparações das nossas vidas com as dos outros que conhecemos online através das fotografias e textos nos Instagram ou Facebook é infundado e irreal porque ninguém é o que parece e muito poucos parecem o que são.
Vivo para escrever. Adoro puzzles e mistérios. Não passo sem um cafézinho, música (especialmente heavy metal!) e uma boa dose de ironia. Silêncios são necessários e prazerosos, assim como os livros * Sou Licenciada e Mestre em Psicologia e Terapeuta de Shadow Work * Actualmente continuo a estudar Psicologia Analítica mas também Psicologia da Religião, Filosofia do Yoga e Gnose e Esoterismo Ocidental.