Nem Sempre Zen

Shadow Work ~ Interligando Consciente e Inconsciente

Pontos Cegos

 

Todos nós temos pontos cegos, não é verdade?

 

No seguimento do artigo sobre as nossas reais intenções quando praticamos o bem, continuamos com o questionamento:

 

Quantas vezes não damos esmola ou ajudamos alguém porque queremos provar da nossa própria bondade e satisfazer o nosso orgulho pessoal?

 

Todos nós temos pontos cegos — tendências e traços que simplesmente recusamos admitir como sendo nossos, que nos recusamos a aceitar e que, portanto, arremessamos sobre o meio ambiente, onde lançamos mão de todo o nosso falso moralismo para, enfurecidos e indignados, lutar contra eles, sem perceber que o nosso próprio idealismo nos cega ante o fato de que a batalha é travada no nosso íntimo e de que o inimigo está muito mais próximo de nós. (…)

 

Como Jung, com a maior eloquência, afirma:

(…) Alimentar os famintos, perdoar um insulto, amar o inimigo em nome de Cristo — todas essas, sem dúvida alguma, são grandes virtudes. Aquilo que faço ao menor dos meus irmãos, eu o faço a Cristo.

Mas o que acontece se eu descobrir que o menor dentre eles, o mais pobre dentre os mendigos, o mais impudente dentre os pecadores, o próprio inimigo, todos eles estão dentro de mim e que eu, eu mesmo, preciso das esmolas da minha própria bondade, que eu mesmo sou o inimigo que precisa ser amado — o que acontece então?

KEN WILBER

 

O que são pontos cegos?

 

Pontos cegos referem-se à incapacidade para reconhecermos as nossas próprias limitações, preconceitos e julgamentos.

São parte da nossa sombra pessoal.

 

Somos ferozes na defesa dos nossos direitos, nas opiniões politicas, no julgamento de quem não age correctamente e na indignação com quem não segue as regras que nós cumprimos escrupulosamente.

 

Achamos que somos iluminados, que já descobrimos a pólvora da espiritualidade, que estamos prontos para o nirvana e a ascensão.

Pensamos que já podemos reunir pessoas e ser um pequeno guru na comunidade porque alguém nos disse que tínhamos “jeito para a coisa” e que éramos boas pessoas.

 

Para nós está tudo bem e os maus que precisam de perdão e os necessitados que vão beneficiar da nossa caridade são os outros. Por isso, muitas vezes, tornamo-nos cegos para as nossas próprias desventuras.

 

Mas… E quando percebemos que nós próprios precisamos da esmola, da ajuda e da compaixão?

É uma facada no orgulho!

 


É por isso que olhar para a sombra é difícil e as pessoas resistem.

 

Trabalhar com a sombra não é um meme engraçado que a gente partilha no instagram.

É uma imersão ao nosso interior profundo. E isso não é motivo para ter medo mas sim para despertar a curiosidade e agarrar no material de mergulho (a nossa vontade e intrepidez) e iniciar a descida.

 

 

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