O sucesso das pseudociências
13 de Março, 2022
O sucesso das pseudociências e falta de pensamento crítico na espiritualidade
Porquê as pseudociências angariam tantos adeptos?
Porque usar termos científicos chama a atenção e dá credibilidade.
É como quando os publicitários metem pessoas de bata branca a fazer anúncios de máquinas de lavar, a bata branca dá confiança porque nos lembra os médicos ou cientistas e estes são símbolos de conhecimento e autoridade sobre um determinado assunto.
Falta de pensamento crítico
Não basta sabermos que existe ABC e ler 1 livro ou ver 1 documentário e imediatamente na semana seguinte palestrar sobre o assunto. É preciso a conhecer a teoria, o autor, os críticos, ir às fontes.
De onde veio a ideia de ABC? O que lhe deu origem? Como se desenvolveu?
Estudar requer tempo, disciplina, trabalho… e isso as pessoas não querem porque não está de acordo com a nossa necessidade de satisfação imediata.
Por isso assume-se que aquilo que se lê na Internet, nas redes sociais é verdadeiro.
Daí que as terapias baseadas em pretensos factos científicos têm sucesso e crescem que nem cogumelos, porque as pessoas não conhecem as teorias científicas e ninguém vai verificar as fontes.
Usar termos científicos de forma incorrecta é fácil (e para alguns, dá milhões)
Todos podemos ser tudo o que quisermos: psicólogos sem curso, médicos sem o juramento, curandeiros de workshop de fim de semana. Mas isso tem consequências para quem a gente quer ajudar. Pessoas podem magoar-se seriamente por causa de andarmos a brincar aos gurus e curadores.
Se realmente quisermos ser bons em algo e ter autoridade no meio em que trabalhamos, temos de investir nisso, e não é só dinheiro: é tempo, são tempos livres que passam a estar ocupados, noites e fins de semana a estudar, fazer pesquisas.
Além de tempo são necessárias outras condições: ser humilde, ser sério, ter a cabeça arrumada minimamente, ter mente aberta e ser curioso.
E!… Também muito importante!… Trabalhar a sombra.
“O analista aprisionado na sua sombra começa, pouco a pouco, a brincar de profeta (…) Para podermos continuar a ajudar o paciente numa situação trágica da vida, que permanece trágica embora seu contato com o inconsciente possa ter melhorado, precisamos ser capazes de enfrentar a nossa própria situação trágica de vida. Nossa tragédia especial é, acredito, que quanto mais tentamos ser bons terapeutas que ajudam a conscientização dos pacientes, tanto mais nos tomamos vítimas do lado escuro da nossa luminosa imagem profissional, da nossa cegueira — no mínimo, parcial — em relação à nossa sombra.”
Charlatães, impostores e falsos profetas por Adolf Guggenbul-Craig
NOTA:
Não sou contra as práticas espirituais nem as medicinas alternativas. Sou a favor da complementaridade e eu própria mantenho as minhas crenças pessoais e práticas espirituais.
Nas minhas consultas respeito qualquer tipo de crenças que o paciente / cliente tenha. Apenas alerto quando percebo que as pessoas estão a entrar em campos perigosos de entropia espiritual ou a ser responsabilizadas por questões sobre as quais não têm qualquer controlo.
Há muitos terapeutas que têm milhares de seguidores nas redes sociais a espalhar mensagens que, em mentes mais vulneráveis, podem ter consequências graves.
Vamos todos estar alerta!
Vivo para escrever. Adoro puzzles e mistérios. Não passo sem um cafézinho, música (especialmente heavy metal!) e uma boa dose de ironia. Silêncios são necessários e prazerosos, assim como os livros * Sou Licenciada e Mestre em Psicologia e Terapeuta de Shadow Work * Actualmente continuo a estudar Psicologia Analítica mas também Psicologia da Religião, Filosofia do Yoga e Gnose e Esoterismo Ocidental.
2 Replies to “O sucesso das pseudociências”