Hel – Abraçar o lado sombra (II)
18 de Outubro, 2018
“Todo mundo tem uma sombra e quanto mais escondida ela está da vida consciente do indivíduo, mais escura e densa ela se tornará. De qualquer forma, é um dos nossos piores obstáculos, já que frustra as nossas ações bem intencionadas.”
Carl Jung
As nossas máscaras sociais
Todos nós temos várias facetas, como máscaras que usamos: uma para o nosso emprego, outra para os amigos, para a família, para os colegas do ginásio e até para as redes sociais.
“A sombra contém personagens essenciais do guião da nossa vida. O nosso trabalho é aprender com a sombra, integrá-la e permitir-lhe que faça evoluir o nosso pensamento e que expanda os limites da persona que criámos.”
In “A luz e a Sombra” by Debbie Ford (Lua de Papel, 2010)
E também temos uma faceta diferente para nós mesmos. Às vezes até mais do que uma. Vejamos:
- Temos o nosso lado “perfeitinho” que queremos mostrar às pessoas à nossa volta, para ficarmos bem na fotografia do plano social;
- Temos o outro lado que fica para nós, aquele que não convém revelar – o que critica, o que julga, o que diz asneiras, o que se irrita e vocifera, etc…
- E depois temos aquele lado de que não temos consciência, que está arrumado lá no armário mais alto quase inalcançável que pudemos arranjar.
Parece que gostamos muito de nos enganar a nós mesmos…
Mas às vezes são apenas ou máscaras funcionais ou, mais grave e merecedor de atenção, defesas inconscientes que nos protegem de eventos traumáticos.
Um dia a vida prega-nos uma partida e BUM! Lá cai a máscara. E então somos obrigados a ir à gaveta das emoções e tomamos consciência da roupa suja que para lá enfiámos.
Descer ao Submundo
É imprescindível fazer este exercício de ir ao encontro das nossas trevas – descer ao submundo – para resgatar aquilo que negamos, de forma a melhor compreender a nossa verdadeira natureza.
Tal como Hel, de quem falei na primeira parte deste artigo, outras deusas também desceram ao submundo.
Perséfone foi uma das que foi para lá atirada, só que fez desse aparente evento traumático uma força, tornando-se uma ligação poderosa entre os dois mundos.
Por Rosea Bellator (Oficina das Bruxas)
Tal como Perséfone, nós podemos aprender a lidar com a dualidade, aproveitando aquele lado que à partida não teria importância e que considerariamos uma fraqueza para dele fazer uma força.
Porquê a integração do lado sombra?
O facto de fazermos as pazes com aquele lado obscuro, ajuda-nos a tornar a nossa vida mais autêntica. Conseguindo isso, seremos mais compassivos connosco e vamos (re)aprender a amar-nos a nós próprios: esse que deveria ser o mandamento número 1 de todo o ser humano.
Deepak Chopra escreve que:
“É prático viver de forma holística, pois como toda a consciência a que podemos recorrer, seremos muito mais criativos e imaginativos, e muito menos críticos. Porém, de modo a concretizar-se qualquer um destes benefícios, devemos experimentar aquilo que a integralidade realmente é.”
E a integralidade é equilíbrio, cura, paz, segurança e amor.
Nós somos um todo. Esse todo é maravilhoso porque é nosso, representa-nos, é a nossa marca no mundo.
Tal como a “minha” filosofia de estar nem sempre zen, sabes que há momentos bons e maus e aprendes com todos. No acto de integrar o lado sombra sabes que és uma pessoa maravilhosa que teve problemas na vida, que deixaram marcas mas tudo isso faz parte de ti e da tua história.
Tu és um ser único e especial, sê tu próprio, sê inteiro.
Vivo para escrever. Adoro puzzles e mistérios. Não passo sem um cafézinho, música (especialmente heavy metal!) e uma boa dose de ironia. Silêncios são necessários e prazerosos, assim como os livros * Sou Licenciada e Mestre em Psicologia e Terapeuta de Shadow Work * Actualmente continuo a estudar Psicologia Analítica mas também Psicologia da Religião, Filosofia do Yoga e Gnose e Esoterismo Ocidental.