Fazer a diferença: Não sejas “suiça”!
10 de Janeiro, 2021
Tenho um problema com a neutralidade, não sou fã de pessoas “suiça”. Pessoas que não se posicionam, que não tomam uma atitude, para quem está sempre tudo bem e tanto faz.
Muitas vezes uso aquela expressão do “está tudo certo” mas a verdade é que não, não está sempre tudo certo. Não está sempre tudo certo na espiritualidade, na política, na parentalidade, na sociedade. E depois, o que posso fazer?
É aí que me lembro sempre do Oskar Schindler. Não sei se ele disse isto realmente, mas no filme do Spielberg há uma frase que me marcou profundamente: “aquele que salva uma vida, salva o mundo inteiro”.
Eu não posso e não vou certamente fazer diferença no mundo, mas posso fazer na minha família, na minha comunidade, entre os meus amigos. Por vezes é preciso tomar decisões que não têm nada de consensual, só que o importante é mesmo decidir em consciência. Porque não, não está tudo certo.
Como fazer a diferença?
Votar é um desses actos que fazem a diferença. Não sei como vai ser este ano com “os covids” aí à solta mas era importante que não fossemos “suiça” nestas questões, principalmente quando há candidatos que ameaçam descaradamente a nossa (já frágil) democracia.
E sobre isto posso dizer que infelizmente eu conheço muita gente da minha laia – branca, classe média, com estudos e seguro de saúde – que não trabalha porque não quer. Mas quando precisam de subsídios sabem o número de telefone da Segurança Social. Isto não é uma questão de etnia ou país de origem, é uma questão de (falta de) civismo e educação.
Há muita injustiça e lamentavelmente não vamos acabar com ela do dia para a noite (ou nunca, ponto.), só acho que é preciso focar no que se pode fazer a curto prazo, não descurando jamais projectos a longo prazo que é o que falta neste país: planeamento.
Mudam os governos muda a legislação – quem trabalha com fiscalidade como eu sofre horrores com essas alterações: O que é verdade ontem, deixou de ser há 1 minuto atrás.
Falei de Schindler mas não posso esquecer Aristides de Sousa Mendes, que usou o seu cargo como embaixador para fazer a diferença – e este salvou também muitas vidas.
Que teria sido destas pessoas se esses homens tivessem olhado por cima do ombro e pensado “não é problema meu”?
Por uma espiritualidade consciente e activa
Por isso me insurjo muitas vezes por causa das pessoas que querem salvar o mundo das trevas e ser “terapeutas da luz e da nova era”. Muitas nem pagam impostos porque trabalham na candonga, não ajudam o vizinho que precisa e desprezam o familiar porque tem baixa vibração, quanto mais!!
Sou por uma espiritualidade consciente e gostava que mais pessoas deixassem de viver na lua e atuassem no mundo real, ocupando lugares de poder e influência, fora da internet. A política não devia ser só para licenciados em direito, relações internacionais e filiados em partidos políticos para ganhar vantagens em cargos públicos.
Eu não tenho capacidade argumentativa, sou uma nódoa nisso e por esse motivo não podia ser política. Daí que tento encorajar quem tem fibra para essas coisas, que dê um passo em frente.
São precisas mais pessoas com voz, com vontade, que tomem posição, que não tem medo de falar e dizer o que pensam, que queiram mudar o mundo (conscientes da utopia que é querer mudar o mundo) e que deixem o seu mundinho virtual cor de rosa, psedo-saudável, pseudo-seguro e aparentemente zen para chafurdar na lama pelos direitos humanos, irritar-se contra as injustiças sociais, lutar contra o poder económico e exigir o fim da impunidade dos crimes de colarinho branco.
Resumindo: Não sejas “suiça”! Fala, revolta-te: vota.
Vivo para escrever. Adoro puzzles e mistérios. Não passo sem um cafézinho, música (especialmente heavy metal!) e uma boa dose de ironia. Silêncios são necessários e prazerosos, assim como os livros * Sou Licenciada e Mestre em Psicologia e Terapeuta de Shadow Work * Actualmente continuo a estudar Psicologia Analítica mas também Psicologia da Religião, Filosofia do Yoga e Gnose e Esoterismo Ocidental.
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