Desabafos de que quem nasceu às portas dos anos 80
18 de Dezembro, 2019
O desafio da cassete pirata
Houve tempos em que nós só conseguíamos ouvir as musicas na rádio com interrupções de anúncios e os locutores a falar por cima (fazer gravações era um desafio imenso! ahahah).
Nessa altura, para ouvirmos a musica como deve ser, tínhamos de comprar os LP’S ou as cassetes dos artistas – ou fazer cópias piratas que circulavam pelo recreio da escola.
Não havia concertos todos os fins de semana ou festivais de Verão como há hoje e quando havia os pais raramente nos deixavam ir, principalmente às raparigas.
Amores platónicos
Não havia canais de TV só com vídeos e entrevistas, por isso muitas das vezes não conhecíamos as caras dos artistas, a não ser que comprássemos a Bravo em alemão, só mesmo para sacar os posters para por na parede do quarto e ver as fotografias.
Não víamos as caras dos artistas, não nos apaixonávamos pela fisionomia das pessoas mas apaixonávamo-nos pelas vozes e pelo som das guitarras.
Vivíamos uma época de “amores platónicos”. A imagem não era tudo.
O advento das redes sociais
Hoje já não há segredos – sabemos exactamente a cor dos olhos do vocalista da banda X, sabemos quem são os pais, onde cresceu, a marca das cuecas que usa. Sabemos daquela menina que começou a cantar no youtube e hoje enche salas de espectáculo quantos namorados teve nas duas últimas semanas e a marca do champô que usa.
Hoje sabemos pelas redes sociais, do rapaz que trabalha na caixa do supermercado para onde vai de férias, quando faz anos de casamento, quem são os irmãos e os melhores amigos.
Sabemos pelas redes sociais da senhora que encontramos no cabeleireiro todas as semanas quantos netos tem e o que vai cozinhar para o almoço de família – mesmo antes da família saber.
Sabemos pela Internet que o nosso irmão com quem não falamos à semanas, partiu um braço porque tirou fotos no hospital e partilhou com o mundo – menos connosco.
Sabemos tudo de tudo (ou achamos que sabemos) e já não há recato, cuidado em preservar certos ensinamentos para que sejam correctamente transmitidos.
Tudo o que se vê e ouve através das redes sociais é tido por verdadeiro e o espírito crítico tem dificuldade em sobreviver.
Já não há segredos, já não há mistérios, está tudo escancarado à nossa frente e a Aventura da descoberta, o fascínio do novo, a imaginação a correr como louca e a dar-nos palpitações de entusiasmo já quase não existe.
PS: é um post saudosista mas não vou dizer que antigamente era melhor ou vice versa. Todas as épocas da vida ensinam-nos alguma coisa. Às vezes bate a saudade mas se formos espertos e aproveitarmos o que temos no HOJE, a vida pode ser realmente fantástica!
Vivo para escrever. Adoro puzzles e mistérios. Não passo sem um cafézinho, música (especialmente heavy metal!) e uma boa dose de ironia. Silêncios são necessários e prazerosos, assim como os livros * Sou Licenciada e Mestre em Psicologia e Terapeuta de Shadow Work * Actualmente continuo a estudar Psicologia Analítica mas também Psicologia da Religião, Filosofia do Yoga e Gnose e Esoterismo Ocidental.
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