Cura, existe? Reflexões…
21 de Janeiro, 2021

Não gosto muito da palavra “cura”. Não a uso – ou tento não usar.
Depois de feridos, nunca mais voltamos ao estado anterior.
A Nise da Silveira dizia “gente curada demais é gente chata”.
Eu acho que gente curada é uma ilusão.
Tal como depois de um cancro a pessoa fica a olhar por cima do ombro durante pelo menos 5 anos, apesar de estar bem e recuperada, o corpo foi corrompido.
Ou assim como uma grávida que dá à luz, o seu corpo já não vai ser o mesmo, já passou por uma transformação gigantesca.
Ou ainda quando somos traídos. Podemos ultrapassar a humilhação e o trauma mas não esquecemos o quanto aquilo nos feriu.
Na espiritualidade a palavra cura arrepia-me. Soa-me a falsas expectativas, a ilusão.
Sei que esse é o objectivo da maioria das pessoas e eu compreendo isso muito bem.
Mas ainda assim pergunto-me: Cura, existe?
Não ficamos sempre com marcas físicas ou emocionais? Com fantasmas? Não nos lembramos disso de tempos a tempos? Não nos emocionamos ou enraivecemos?
Mas esses fantasmas e essas marcas não têm de assustar ou doer para sempre! Não, nada disso. Não temos de carregar esse fardo, nem pensar!
Eu acredito que os fantasmas ficam a fazer parte de nós ao longo do resto da nossa vida, como velhos amigos e cabe a cada um de nós, sozinhos ou com ajuda externa transformar esses eventos que nos marcaram numa bonita passagem do nosso livro da vida.

Vivo para escrever. Adoro puzzles e mistérios. Não passo sem um cafézinho, música (especialmente heavy metal!) e uma boa dose de ironia. Silêncios são necessários e prazerosos, assim como os livros * Sou Licenciada e Mestre em Psicologia Clínica e Terapeuta de Shadow Work e Desenvolvimento Pessoal * Gosto de ler e estudar sobre Mitologia, Espiritualidade, Psicologia da Religião, Parapsicologia e Psicologia Analítica.
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