Até que ponto as nossas intenções são honestas?
13 de Dezembro, 2020
Até que ponto as nossas intenções são honestas, é uma pergunta que nos deveríamos fazer mais vezes.
O desejo de ser útil, de ajudar o outro e de querer ter sempre uma resposta para dar e uma solução a oferecer, muitas vezes tem por trás uma intenção egoísta que escondemos de nós próprios.
É possível que, em alguns momentos, o prazer em ajudar seja somente um desejo de poder: O poder sobre o outro e a manifestação da nossa própria vaidade pessoal.
O Mito de Ícaro
Lembraste de Ícaro? O tipo que queria sair da ilha de Creta, onde estava “preso” com o pai?
O pai Dédalo construiu umas asas com recurso a penas de algumas aves e de cera de abelha para servir de cola, com o objectivo de proporcionar a ambos uma fuga pelo ar. Diligentemente, Dédalo avisou o filho: “não voes muito perto do sol”.
Mas o desejo de Ícaro de ir o mais próximo possível do sol – da iluminação, do poder – saiu-lhe caro pois chegando perto do sol, a cera que unia as asas derreteu, ele caiu e acabou por morrer no mar.
Antes de pensar em ser uma entidade iluminada e pronta a ascender ao topo da consciência cósmica e espalhar amor e compaixão, devemos descer à terra, enfrentar o nosso real “eu”, a nossa imperfeição, a vulnerabilidade e a inconstância e fazer o trabalho interior a partir daí.
Porque quanto mais alto o voo, maior será a queda.
So, let’s get real.
O “monstro” precisa de amigos
Vou usar o brilhante nome do brilhante álbum dos Ornatos Violeta, “O monstro precisa de amigos“, para me referir a este nosso lado menos simpático.
A minha proposta é que façamos um exercício de introspecção sempre que surgirem duvidas no nosso coração acerca dos nossos intuitos e não tenhamos medo de olhar de frente o “monstro” que há em nós. Porque ele existe.
Esse monstro, o desejo de poder e de controlo, pode nunca desaparecer mas se o acolhermos e tentarmos compreende-lo podemos transmutá-lo em algo bom e fazer dele nosso amigo.
Porque é importante fazer do monstro um amigo?
Reconhecer os desejos menos nobres do coração é um encontro com a nossa sombra. Esta sombra, pessoal, carrega consigo o peso da sombra colectiva.
E a sombra colectiva não aceita que as pessoas não sejam honestas nas suas dádivas e caridade. A imagem perante a sociedade é muito importante e alguns de nós aproveitam-se disso para satisfazer o seu desejo de poder, fazendo de tudo para esconder as suas reais intenções.
Isto é perfeitamente válido e, como disse, reconhecermos para nós próprios que temos pensamentos e objectivos com um fundo egoísta, é um passo muito importante para o nosso desenvolvimento pessoal.
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Vivo para escrever. Adoro puzzles e mistérios. Não passo sem um cafézinho, música (especialmente heavy metal!) e uma boa dose de ironia. Silêncios são necessários e prazerosos, assim como os livros * Sou Licenciada e Mestre em Psicologia e Terapeuta de Shadow Work * Actualmente continuo a estudar Psicologia Analítica mas também Psicologia da Religião, Filosofia do Yoga e Gnose e Esoterismo Ocidental.
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