Nem Sempre Zen

Shadow Work ~ Interligando Consciente e Inconsciente

A deusa que há em ti – Parte II

 

Este artigo é a continuação da minha reflexão sobre o ser mulher e porque razão nunca me senti feminina.

 

 

A descoberta do Sagrado Feminino

 

Começar a desbravar caminho

 

Depois daquela aula de yoga, que lançou a luz sobre a minha suposta falta de feminilidade, fiquei com curiosidade em abordar a temática mais a fundo.

O primeiro passo seria perceber o porquê e isso começava a ser claro e o passo seguinte era procurar formas de recuperar esse sentimento em mim.

 

Não me entendam mal, eu estive apaixonada e fui desejada mas o que vem de fora, do outro, é sempre diferente daquilo que percepcionamos internamente, certo? De certeza que em algum momento da tua vida sentiste o mesmo.

 

A Patrícia cá por dentro não se sentia mulher o suficiente porque em primeiro lugar as mulheres da sua vida não tiveram tempo para o ser e passaram uma imagem desadequada e em segundo lugar porque sabia que não estava a cumprir com as expectativas da sociedade e não sabia como corresponder a isso, sem comprometer a minha essência.

 

 

Nem Sempre Zen – A deusa que há em ti: o que é o feminino?

 

 

 

 

 

O que a sociedade dita não é lei

 

Tenho a certeza de que não é aquilo que vestes ou as tuas escolhas pessoais que te fazem mais ou menos mulher.

 

Estamos numa altura da existência humana bem mais agradável do que há uns 50 anos atrás porque actualmente as mulheres não precisam de autorização dos conjuges para viajar, podem ser financeiramente independentes e têm a liberdade de escolher a sua profissão, com quem se relacionar, que crença filosófica seguir ou que roupa vestir.

 

No entanto, ainda hoje são criadas expectativas e definições que são absolutamente redutoras do que realmente significa ser mulher!

 

  • A sociedade pressiona-te para não engravidar porque prejudica a tua carreira: primeiro o trabalho, depois os filhos.
  • A sociedade critica-te quando decides não ter filhos: és egoísta e vais morrer sozinha (havia tanto a dizer sobre isto que talvez fique para um outro artigo!)
  • A sociedade torce o nariz porque usas roupas conservadoras: assim não casas, pareces uma freira
  • A sociedade insulta-te porque vestes roupas que revelam as formas do corpo: és fácil, estás a pedi-las
  • A sociedade inferioriza-te porque trabalhas fora e estás pouco tempo com os teus filhos: só dás valor ao trabalho, é por isso que o miúdo é mal educado
  • A sociedade ofende a tua integridade porque decides ficar em casa a cuidar dos teus filhos: vives à custa do marido e os miúdos vão crescer a ser mimados.

 

Não dá, sociedade! Assim não dá!!

 

O que é ser feminina, afinal?

 

O Sagrado Feminino, nas palavras de Vera Faria Leal é a espiritualidade emergente das antigas tradições matriarcais, numa altura da nossa existência em que se reverenciava a Mãe Terra.

Ser mulher é assumir que a tua identidade e o teu poder não são construtos sociais. A tua feminilidade é sagrada, constituída por valores espirituais que já existem desde os princípios dos tempos. Tempos em que as mulheres eram respeitadas pela sua profunda conexão à Natureza.

Ser mulher é ouvir o coração e valorizar a sua intuição sobre as forças exteriores, expressas através de críticas e dúvidas.

É ser forte sem deixar de ser frágil, porque podemos ser ambas sem nos diminuirmos.

É enfrentar lutas sem deixar de ser carinhosa. E quando não o consegue ser, foi porque os ventos sopraram demasiado fortes e a abalaram mas nem assim ela deixa de ser mulher.

 

 

Tu, deusa, tens muito valor

 

A Rainha é uma das peças chaves de um jogo de xadrez. É uma peça com bastante mobilidade e que ganha força à medida que vai tendo menos adversários.

 

Nem Sempre Zen – A Rainha é a peça mais valiosa do tabuleiro de Xadrez

 

 

Quanto menos oposição a mulher tem, mais ela floresce.

Na verdade, a maior oposição que eu tive até redescobrir quem sou como mulher fui eu própria.

Sempre que me senti inferior, que acatei com decisões externas para agradar a outros, sempre que fui contra a minha vontade, nesses momentos neguei a minha essência.

E para me levantar precisei acreditar e voltar a confiar na minha intuição acima de tudo.

 

Neste momento ainda estou a alinhavar os meus pensamentos, Tenho a plena consciência de que estou no inicio da caminhada e que esta vai ser longa mas já consigo ver a estrada que se estende além do horizonte e, para dizer a verdade, parece-me um caminho muito agradável de percorrer.

E sei que não estou só.

 

 

A deusa que há em mim abraça,  felicita e encoraja a deusa que há em ti.

Porque somos ambas sagradas, somos mulheres.

 

 

 

 

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