Nem Sempre Zen

Shadow Work ~ Interligando Consciente e Inconsciente

A deusa que há em ti – parte I

A deusa que há em ti é a deusa que há em mim.

Podemos ser mais diferentes do que uma caneta é de uma concha mas somos ambas sagradas, somos mulheres.

 

 

Nem Sempre Zen – A deusa que há em ti

 

 

O reconhecimento da Mulher

 

Nos últimos tempos temos assistido a um crescente de informação sobre “A deusa” e o “Sagrado Feminino”.

Desde que o livro “O Código Da Vinci” foi lançado, por volta de 2003, que o interesse acerca da posição das mulheres na religião, na história e na sociedade aumentou exponencialmente.

Sobretudo aumentou, nas próprias mulheres, o sentimento de auto estima e de mais valia que lhes faltava. Finalmente havia na história (ficcionada ou não…) da literatura mais mainstream, uma mulher ao nível de um homem tido como poderoso.

 

Claro que em algumas culturas isto da igualdade entre mulheres e homens sempre existiu.

Sempre houve sacerdotisas, bruxas, curandeiras, mães de santo, guerreiras e estrategas, entre outras, a assumir um lugar de destaque nas suas respectivas comunidades,

Assim como sempre houve professoras, mães, enfermeiras, donas de casa e costureiras, etc, que foram importantes e se destacaram na sua arte. Só que ninguém as valorizava, muito por causa da forte influencia patriarcal e religiosa que existia (…existe?) no nosso país.

Enfim, nada de novo, certo?

As mulheres sempre tiveram conscientes do seu poder mas pouco, ao longo da nossa história recente, o puderam expressar nem tão pouco foram reconhecidas por isso.

 

 

 

 

Quando tomei consciência de que não me sentia feminina

 

O exemplo familiar

Em 10 de Fevereiro de 2017, numa aula de yoga, fizemos uma “Terapia do Sagrado Feminino”.

Quando cheguei a casa escrevi isto no meu caderninho (é um excerto do texto):

 

 

“Sempre tive medo de me assumir como mulher. (…)

Estas mulheres [referia-me à minha avó materna e à minha mãe, que foram as mulheres de referência na minha vida] não o foram verdadeiramente e eu carrego, sem me aperceber, o fardo de ser uma mulher masculinizada, num mundo onde não me sinto à vontade para ser aquilo que nasci para ser.”

 

A minha avó materna, com quem tive mais contacto, era uma “moira de trabalho” e o meu avô adorava-a (tanto que faleceu uns dois meses após a morte dela, como se a sua ausência fosse insuportável) mas não a tratava nada bem.

Do meu pai também não tenho grande exemplo pois não soube reconhecer a mulher que a minha mãe era e no final da história a forma como a separação e depois o divórcio deles aconteceu foi de uma imaturidade gritante.

Isto para dizer que nunca tive figuras masculinas de referência, sendo que as mulheres da família é que eram um pouco os “homens” da casa.

 

 

Eu, “maria rapaz” me confesso

Em adulta não tive o reforço positivo de um pai, avô, irmão ou tio que me dissesse desinteressadamente que eu estava a tornar-me uma mulher bonita e inteligente, que podia fazer a diferença no mundo.

Para ajudar, sempre fui “maria rapaz” – apesar de ser muito “menina”, levei com aquele malfadado rótulo porque eu era o pacote completo (com que muitas de vocês mulheres que me lêem, se calhar se relacionam): subir às árvores, saltar muros, sentar-me no chão a lêr, não gostar de romances, não gostar de vestidos, etc, etc.

Para mais eu lia muito e as minhas heroinas eram todas assim – alguém se lembra dos livros da Patrícia? eheh

 

Nem Sempre Zen -Eu, “maria rapaz” me confesso

 

As minhas opções de vida

Como nunca tive o sonho de casar ou ter filhos, isso tornava-me ainda mais esquisita aos olhos das outras pessoas, porque esse era o “caminho natural” de uma rapariga. A família e a sociedade têm esta mania de querer impor as suas regras às mulheres, como se fosse obrigatório viver by the book: estuda, trabalha, compra casa, arranja marido, tem filhos, aguenta, aguenta, aguenta.

Creio que as minhas minhas opções de vida em querer ser independente, não querer seguir o percurso normal da maioria das mulheres casando e tendo filhos quando associada ao rótulo que já trazia da infância, mais a questão da “masculinização” das mulheres da família e a falta de exemplos masculinos positivos, fizeram com que eu nunca me tenha sentido feminina interiormente.

Mesmo sendo fiel a mim mesma, achava que, por não fazer aquilo que era suposto, não era tão mulher quanto as outras.

 

[continua no próximo artigo]

 

 

 

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